Considerado um dos textos mais bem escritos do século XX, Cem Anos de Solidão foi o livro que me trouxe a leitura, quando eu ainda vivia na roça e nem pensava em ler algo que não fosse quadrinhos. É chover no molhado ficar falando da obra, mas, em suma, é a história de um povoado fictício da Colômbia, chamado Macondo. Que na verdade é uma releitura da terra natal de Gabriel Garcia Marquez, Aracataca. Lembro-me de ter lido que ele foi processado por uma tradicional família de lá, pelo fato de estar contando as histórias de um amigo de infância dele e perdeu o processo. Daí, a bíblia ganhou esse irmão louco.
Ganhei Pan América de aniversário em 2002. Foi minha introdução à literatura sem muitos limites de costumes. O considero uma máquina de incitar doido dormente a pirar de vez. O autor José Agrippino de Paula mesmo, morreu há pouco tempo, com a cabeça em 1968, ano do lançamento deste clássico tropicalista. Tem gente que não consegue ler faltando cinco páginas pra terminar esta história que não tem parágrafo, da qual o personagem central se transmuta em cineastas, atores e guerilheiros andando pelo nonsense. Lembro de Caetano Veloso falando que é a Odisséia de Homero na voz de Max Cavalera, mas é muito melhor que isso.
Este livro inspirou algumas façanhas mirabolantes nessa vida errante que levo. CAOS - Terrorismo Poético & Outros Crimes Exemplares foi escrito pelo fictício Hakim Bey, alcunha anônima de Peter Lamborn Wilson, prolífico escritor de histórias fantásticas que misturam fatos reais, ficção, política e religiões orientais de uma maneira bem fantasiosa. Mistura de texto engajado com poesia na medida certa, não é um livro pra ler com a cabeça quente e muito menos pra ser levado a sério. Pra quem não está acostumado, existem uns ranços de erudição exacerbada na prosa do escritor, o que não chega a incomodar o desenvolvimento da idéia central (se é que ela existe).
Sem Logo - A Tirania das Marcas Num Planeta Vendido é a mais pura contestação social surgida nos últimos anos, em minha modesta opinião. Juntando seu apurado faro com uma mirabolante gana e pesquisa jornalística, a canadense Naomi Klein teceu um brilhante mosaico de notícias, onde encontramos desde os pequenos deslizes aos grandes erros das grandes multinacionais do planeta. Propaganda, trabalho escravo, ecologia, protestos. Nada passa despercebido ao aguçado sentido de contestação da escritora. E sem precisar se passar por fundamentalismo esquerdista rasteiro.
Nada dá mais prazer em trabalhar numa pesquisa do que ler um livro prazeroso. Explico. Como a maioria de meus amigos sabem, desde o princípio de 2006, venho trabalhando na pesquisa sobre a vida de Joaquim Rolla. Quando peguei o livro de Carmen pra ler, não consegui largar. E olha que ele tem mais de 500 páginas. Tudo bem que as letras são grandes, mas nada como uma leitura bem construída e envolvente, num tema fascinante. No caso, o cenário é o Rio de Janeiro das décadas de 1910 a 1930, passando por Hollywood, na fase que a a pequena notável ficou mundialmente conhecida até desfalecer depois de se acabar em anfetaminas. Parabéns Ruy Castro.
Agora convido o Renato Negrão, o Bill, Higienezê e o Rafael a repetirem a dose em suas medidas.
Sem Logo - A Tirania das Marcas Num Planeta Vendido é a mais pura contestação social surgida nos últimos anos, em minha modesta opinião. Juntando seu apurado faro com uma mirabolante gana e pesquisa jornalística, a canadense Naomi Klein teceu um brilhante mosaico de notícias, onde encontramos desde os pequenos deslizes aos grandes erros das grandes multinacionais do planeta. Propaganda, trabalho escravo, ecologia, protestos. Nada passa despercebido ao aguçado sentido de contestação da escritora. E sem precisar se passar por fundamentalismo esquerdista rasteiro.
Nada dá mais prazer em trabalhar numa pesquisa do que ler um livro prazeroso. Explico. Como a maioria de meus amigos sabem, desde o princípio de 2006, venho trabalhando na pesquisa sobre a vida de Joaquim Rolla. Quando peguei o livro de Carmen pra ler, não consegui largar. E olha que ele tem mais de 500 páginas. Tudo bem que as letras são grandes, mas nada como uma leitura bem construída e envolvente, num tema fascinante. No caso, o cenário é o Rio de Janeiro das décadas de 1910 a 1930, passando por Hollywood, na fase que a a pequena notável ficou mundialmente conhecida até desfalecer depois de se acabar em anfetaminas. Parabéns Ruy Castro.
Agora convido o Renato Negrão, o Bill, Higienezê e o Rafael a repetirem a dose em suas medidas.