sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Ouvi Falar de Releituras - Parte 2


Bem, então veio rapidinho a segunda e última parte falando das tais regravações musicais. Que não são exemplos maiores de como se fazer um cover criativo. Porém, na minha opinião dizem muito tanto sobre os artistas regravadores quanto dos regravados;

- Mike Patton - Ford Mustang (Serge Gainsbourg cover) - Difícil fazer um cover piorado desta grande canção. Feito há mais de dez anos pelo multi-instrumentista e Sinatra moderno, foi minha introdução ao mestre da chanson francesa Serge Gainsbourg e digo que é demais de ouvir no fone de ouvido.

- Gogol Bordello - Mala Vida (Mano Negra cover) - Esta versão não sai do meu winamp nos últimos tempos. A batida cigana desta canção feita pela banda do ucraniano Eugene Hütz mais do que combinou seu timbre à pluralidade da antiga banda de Manu Chao.

- David Bowie - Cactus (Pixies cover) - O camaleão do rock não gosta de ficar pra trás quando o assunto é conhecimento de bandas novas e criativas. Quando ele fez esse cover, o Pixies nem existia mais. Porém se você for olhar na genealogia do rock, os Pixies só foram existir uns 20 anos após o primeiro disco dele. Quanto à música em si, acho que até não fãs de Bowie ou de Pixies podem gostar.

- Ramones - Surfin' Bird (The Trashmen cover) - São os vovôs do punk tocando aquilo que eles mais gostavam de escutar em casa. Mais fiel que isso só a torcida do Corinthians, se ela continuar existindo com o time em queda.

- Mutantes - Tempo no Tempo (The Mamas & The Papas cover) - Um pouco de cabaré nesta quase vinheta que até mesmo muitos fãs do Mutantes não sabem que é da mesma banda de California Dreaming.

- Mombojó - Anarquia (Ronnie Von cover) - Essa ainda não recebeu uma versão digna em estúdio. A versão que saiu no disco ao vivo da banda é quase boa. Porém deixo-a aqui pelo fato de ser poderosa pra ver a banda tocando-a (essa força da canção não fácil de sair no disco). Pode pedir pra tocar 'aquela do Ronnie Von' no show que vale a pena. Quase ninguém sabe que foi o Ronnie Von que deu o nome pros Mutantes né? Psicodelia e pancada!

- Los Sebosos Postizos - Quero Esquecer Você (Jorge Ben cover) - O falecido projeto paralelo dos integrantes da Nação Zumbi tocando essencialmente Jorge Ben tem neste cover sua mais potente variante. Curta e fina.

- Butthole Surfers - Hurdy Gurdy Man (Donovan cover) - Com um vocal ligeiramente distorcido por um pedal, o vocalista Gibby Haines parece soluçar enquanto canta esta balada. Parceiros de Johnny Depp no projeto P, fizeram desta versão uma coisa fiel e irônica ao mesmo tempo.

- NY Loose - Lust for Life (Iggy Pop cover) - Se você já assistiu Trainspotting, imagine o protagonista do filme correndo no ritmo deste cover. Não ia ser pego nunca.

- Los Straitjackets - Shake That Rat (Nick Lowe cover) - Agora pra quem gosta de surf music, um som instrumental coeso e pulsante. Uma das maiores bandas do gênero em atividade, aqui com a participação do próprio Nick Lowe e seu baixo bem pessoal.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Rotatória 4 - 5ºfeira, 13 de dezembro de 2007

Existem shows feitos com o único intuito de arrecadar. Lugares fechados pedem isto. E quanto às ruas, tão carentes de eventos espontâneos? Nesta quinta-feira, 13 de dezembro, vai acontecer o Rotatória (dentro da rotatória) na esquina das ruas Pernambuco com Gonçalves Dias.

Mistura de show com encontro casual de pessoas com interesses comuns, (ou não), desta vez o tema das fantasias sugeridas ao público é zumbi. Quem for fantasiado de Jesus Cristo, ganha prêmio extra. Blasfêmia? Não precisa pagar pra ver.

A mídia alternativa esboça ser usada como ferramenta de agrupamento coletivo através de grupos politizados como o Reclaim the Streets, ou descompromissados como os flashmobs. Em Belo Horizonte, existem tentativas esporádicas em se fazer este tipo de coisa. Desde o Kaza Vazia (que apesar de não ser na rua é numa casa aberta ao público) ao Vacas Magras (que não deve acontecer mais) e os legendários shows da Rotatória.

Quem foi em algum, sabe que os tais shows Rotatória são de uma energia e vitalidade sem precedentes na noite belorizontina. Por enquanto ocorreram três noitadas desse gênero, cada um com um tema, de circo a piratas.

Começou sem querer, quando o dono de uma boate negou o flyer de uma festa que o pessoal do coletivo Azucrina faria em sua casa de shows. Desde então, a bateria e a guitarra do duo Monster Surf não parou de infectar noites ‘rotatorísticas’ barulhentas sem data nem local muito planejado. E agora eles vão vir aparelhados com a participação dos polêmicos UDR, formando o projeto experimental Esquadrão Relâmpago Monster Surf. Vai chover zumbi, você tem medo?

E dessa vez, não vai ter festa em porta de boate. Mesmo assim estes azucrinados (que podem incluir você também) vão arriscar fazer a bagunça, sem a garantia de não serem interrompidos por vizinhos reclamões ou policiais mal-humorados.


sábado, 8 de dezembro de 2007

Ouvi Falar de Releituras - Parte I

Sempre gostei de escutar covers ou remixes criativos, desde que sejam audíveis. Andei lendo através de um link encontrado no e-mule um blog que conta sobre os melhores e piores covers da história.

Bem, como cada um tem sua versão e eu discordei bastante daquela, vim humildemente contribuir. Fiz minha lista daquelas que considero algumas das melhores releituras (e covers) de todos os tempos. Qual a diferença?

Considero que existem duas categorias de covers, a releitura e o cover, pastiche mesmo. Então escolho dez relidas de cada tipo, tudo comentado.

Primeiro as releituras que fazem arranjos rítmicos criativos em cima da versão original, tornando-a muitas vezes irreconhecível;

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Golden Shower - Ich Will Spielen, Mim quer Tocar (Ultraje à Rigor cover) - Desconheço uma releitura tão desconstruída e tão resolvida quanto esta. Famosos pelos seus vídeos, a banda paulista releu a famosa canção dos ultrajantes como se fosse o próprio Kraftwerk tocando. Precisa mais?

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William Burroughs - Is Everybody In? (The Doors cover) - Pouco antes de desencantar, o célebre poeta beatnik foi recrutado pelos sobreviventes de uma das maiores bandas de todos os tempos para desconcertar uma nervosa releitura de um poema de seu fã, Jim Morrisson, com ecos do próprio 'Rei Lagarto' gritando ao fundo. De arrepiar.

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Molotov - Revolution'll not be Televised (Gil Scott Heron cover) - Parece que este hino da música negra foi feito pra ser cantado em espanhol. O Molotov nunca quis ser considerada uma banda politizada, mas acertou em cheio ao trazer pra nossos tempos globalitários esta ótima versão.

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The Slits - I Heard It Through The Grapevine (Marvin Gaye cover) - Esta banda feminina de ska-dub lançou um discaço em 1979 que é um marco e sua melhor canção é sem dúvida este cover, que é mais conhecido quando tocado pelo Creedence Clearwater Revival. Vale a pena procurar.

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Rage Against The Machine - Renegades of Funk (Afrika Bambaata cover) - Não é a toa que este clássico do funk dá título ao último álbum que o RATM gravou no estúdio. Existe na internet uma versão instrumental desta versão matadora.

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Nouvelle Vague - Dancing With Myself (Billy Idol cover) - A canção mais famosa do poser-punk Billy Idol recebeu um tratamento bossanovístico-fox trot nesta suave (mas nem por isso desanimada) versão da configurável banda especializada em regravar que tem diversas cantoras francesas convidadas interpretando grandes clássicos dos anos 80.

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Beastie Boys - Time for Livin' (Sly And Family Stone cover) - No auge de sua carreira, estes rappers, judeus brancos voltam às suas raízes punk rock, muito bem tocado nesta visceral interpretação.

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Little Quail & The Mad Birds - Samba do Ernesto (Adoniran Barbosa cover) - Quando o rock brasileiro estava consolidando no cenário nacional, os bem-humorados integrantes desta banda brasiliense (que deu origem ao Autoramas) teceram um tijolo com o samba revoltado de Adoniran.

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Virna Lisi - Eu Quero Essa Mulher (Monsueto Menezes cover) - Outro samba em versão pauleira, é mais famosa na versão de Caetano Veloso, já foi citado aqui em no blog na matéria sobre a banda.

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Noriel Vilela - Dezesseis Toneladas (Jonnhy Cash cover) - Bem, essa música não é do Cash, mas como sua versão é a mais famosa fora do Brasil, fica como se fosse dele. A maioria dos ouvintes do vozeirão de Noriel nem imagina que este samba era originalmente um rock bem primitivão chamado Sixteen Tons.

Ainda esta semana, outra lista com os
covers que são mais fiéis às versões originais e mesmo assim possuem identidade própria. Aguardem.


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

o pangaré branco levou o moleque.
e empacou no meio do caminho.
bem aí, temeu a velhice.

sendo que tinha acabado
de aprender a andar.