quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Turbo Trio & LCD Soundsystem em Belo Horizonte

Quando você vai assistir uma apresentação musical onde não se espera muito, costuma se surpreender. Não sei se isto aconteceu comigo quando fui assistir ao show do Turbo Trio e do LCD Soundsystem (quem tocou, antes, entre e depois dessas bandas, eu prefiro nem comentar). O local do show estava bem decorado e com um mega-telão atrás do palco durante todas as apresentações, o que foi um bom apelo.

Este último festival Eletronika que ocorreu em Belo Horizonte parece ter tido uma divulgação aquém de um evento assim. Isto deve ter colaborado para que o Marista Hall não enchesse. E essa foi a melhor parte, pois um show com público médio é o ideal para poder assistir tranquilo.



O Turbo Trio, que é um projeto de funk carioca de B-Negão com alguns integrantes do Instituto, acabou de lançar um bom disco, o Baile Bass, repleto de referências a Afrika Bambaataa num funk ‘de raiz’ com esse grande nome do rap nacional como frontman. O show do Turbo Trio contou com a participação de Iggor Cavalera (agora se grafa é com dois ‘G’s) e um Mix Hell dos infernos, que é a sua esposa. Gostei de Turbo Trio e aprecio muito o ex-Sepultura tocando sua percussão ensandecida, porém no meio do funk, apesar de pauleira, fica faltando identidade humana. Muito pancada e pouca identidade, devem ter ensaiado pouco. Se é que ensaiaram.

Desconheço um rapper brasileiro tão versátil como esse Bernardo Negro, que já cantou com gente como Paralamas do Sucesso, Cordel do Fogo Encantado, Otto, Marcelinho da Lua, Ceguinhas de Campina Grande (a melhor faixa do tributo a elas em minha opinião), Macaco etc. É uma ótima figura para animar o público, quem já foi a um show dele já sabe, não pára um segundo.

Minha maior crítica mais negativa a tudo isso é a música A Dança do Patinho, que eu até gosto, mas é tocada há tanto tempo por B-Negão. Desde o Funk Fuckers, depois no Seletores de Frequência e agora no Turbo Trio. Muda só elementos da letra e a batidinha.

Já o LCD Soundsystem, que eu pensei que ia chegar aqui tocando playback, trouxe uma banda afiada para se apresentar aqui no Brasil. Tocaram todos os hits de seus álbuns e o vocalista James Murphy (o faz-tudo do conjunto) tentou conversar em português com a platéia, aquelas coisa de gringo. Sem reclames.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

River Phoenix, Jim Morrisson, Hopper


a caminho de fazer um rebelde,

o outro dennis acabou órfão transviado.


se perder ídolo virou rotina,

esse sem destino acelerou na poça.


ah, um mero fumante na sarjeta que

olha assustado numa banda perdida

se a gota compromete sua fumaça.


é reflexo da pressa fútil de guardar memória

num racha de porsche a cada esquina, ensopada

pela admirável velocidade que cria-se um mito.


(a meu amigo Rui César, a foto por Dennis Stock)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A Pan-Montanha (Deus é Mexicano?)

Quando eu ainda vestia fraldas (não literalmente) os únicos cantores que eu tinha ouvido falar eram John Lennon e Luiz Gonzaga. Depois, quando eu já era quase punk/metal fiquei sabendo daquela revelação do beatle mais queridinho; Que eles eram mais famosos que Jesus.

Aí quando a gente fica sabendo por qualquer um que é fã da banda mais famosa de todos os tempos que os Beatles acabaram por causa da Yoko Ono, ela fica com jeito de bruxa oriental. Quer sabotagem maior? A maior performance da vida da japa. Mesmo que a história não tenha sido bem assim, ficou sendo. (Por um acaso, esse ano ela lançou um disco cheio de participações especiais bem legais, desde Peaches, Le Tigre a The Flaming Lips).

Bem, mas agora eu não vou falar de Yoko Ono e nem de música especificamente. Vou falar de um produto insano que veio da grana que tanto o Rei Roberto Carlos, quanto nossos pais e avós, que torraram em discos dos Dê Besouros, logo ali depois que a banda acabou.

Em 1970, o polêmico diretor Alejandro Jodorowsky, então residente no México, consegue uma aproximação com o casal mais evidente do mundo naquela época, que pira com o filme que ele tinha acabado de finalizar, o faroeste psicodélico El Topo. Pronto, John eYoko cismam de bancar o lançamento do filme nos Estados Unidos, num horário para cinema que acabaria se imortalizando como ícone dos malditos; A Sessão da Meia-Noite.

Se deu retorno financeiro eu não sei. Sei que El Topo deu fôlego pra que até mesmo Allen Klein, o empresário da maior banda de rock de todos os tempos fosse recrutado por John Lennon pra ser produtor do próximo trabalho de Jodorowsky, o megalomaníaco Holy Mountain. Um filme tão ou mais polêmico que O Cão Andaluz, feito ainda na década de 20 por Luiz Buñuel e Salvador Dalí.

Será? Holy Mountain extrapola sua abordagem impactante atirando pra todo lado. Desde Jesus, sexismo, críticas sociais, preconceito, violência e tarot. Forte como nunca visto até então numa super-produção tão bem cuidada como aquela. Deve ser um dos motivos pelo qual foi banido em todo mundo por mais de 30 anos e agora em 2007 foi relançado em cópia digitalmente restaurada. Além de ser referência para gente do calibre de David Lynch e dos irmãos Joel e Ethan Coen ou Peter Gabriel (Marilyn Manson não conta).

Faço também uma conexão tupiniquim, pra quem se liga em Tropicália e contra-cultura brasileira. Arrisco que Jodorowsky é o irmão cineasta de José Agrippino de Paula, o recém-falecido escritor do clássico Pan América.

Curioso notar que esse é um filme dirigido por um diretor chileno, descendente de judeus-russos que viveu sua formação artística em Paris. E que lá ele tomou contato com o livro do surrealista René Daumal, O Monte Análogo: Uma Novela de Autênticas Aventuras Não-Euclidianas, que posteriormente deu origem a Holy Moutain, produção mexicana bancada por um rock star inglês. Mais mundializado, naquela época, difícil. Em 1973, deve ter sido algo bem incomum para a produção mais cara da história do México, (na época, U$1.5000.000,00).

Pra quem curte coisa do naipe de Laranja Mecânica ou filmes de não assistir com a família, vale a conferida. E quem não viu o trailer, tá esperando o quê? Gostou, baixa o torrent com os extras do DVD gringo, pois vale a pena.