quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Orson Welles Filmou Um Clássico No Brasil - Será Verdade?



Na década de 1940, a política da boa vizinhança foi instituída pelos Estados Unidos para poder consolidar seu poderio econômico e hegemonia cultural em países da América Latina (ou seja, o Brasil e o restinho da América). Ao norte do hemisfério já era Carmen Miranda quem havia se tornado a mais bem-paga atriz dos Estados Unidos através de seus honorários em direitos autorais de chapéus, roupas e tamancos.

Aqui no Brasil, no dia 13 de fevereiro de 1942, Orson Welles aportou para filmar dois episódios de It’s All True (É Tudo Verdade). O primeiro era sobre o carnaval e suas influências como samba e candomblé; o segundo é uma história feita em homenagem a quatro jangadeiros cearenses que realizaram uma façanha homérica. No ano anterior, Welles havia lido na revista Time uma reportagem sobre a travessia por mar de 1000 milhas feita pelos jangadeiros de Fortaleza Manuel Olímpio (o Jacaré), Jerônimo de Sousa, Raimundo Lima e Pereira da Silva para a então capital federal Rio de Janeiro. Foram pedir providências a Getúlio Vargas sobre os seus direitos previdenciários – que o ditador prometeu dar e não cumpriu.

O problema deste filme, rodado durante seis meses de 1942 e nunca lançado, é que ele foi dirigido por um dos mais influentes cineastas do século XX, o polêmico Orson Welles. Parece que o gênio, então com 26 anos, comprou briga com Getúlio Vargas e Nelson Rockefeller. E isto aconteceu logo após ele ter adotado Hollywood como seu autorama particular para experimentações, levantando a ira de celebridades e chefões.

É Tudo Verdade tentaria desmontar o estereótipo hollywoodiano do negro e do latino-americano. Ele iria tentar conectar a história desses povos à cultura negra norte-americana durante o segmento final (a única parte do filme que não chegou a ser filmada) estrelado por Louis Armstrong que contaria a gênese comum do samba e do jazz...

Um motivo implícito pelo qual o diretor de Cidadão Kane - um dos mais influentes filmes de todos os tempos - ter vindo parar no Brasil foi estar sendo perseguido pelo biografado no clássico, Willian Randolph Hearst, dono de um império midiático naqueles tempos, o grupo Time. As revistas de fofoca cinematográfica de maior circulação nos Estados Unidos naquela época pertenciam a Hearst que, através de chantagens com Hollywood, conseguiu plantar o nome de Welles na lista dos comunistas de carteirinha que o FBI já investigava uma década antes da caça às bruxas.

E você acha que Welles chegou aqui e foi andar com quem? Vinícius de Morais, recém-admitido embaixador no Itamaraty foi um que não saía de perto do ícone. Herivelto Martins e Grande Otelo além de companheiros de filmagem eram companheiros de noitadas em favelas cariocas. Herivelto (diretor musical) e Otelo (personagem principal de um dos segmentos) estranhavam a atitude do gringo que enchia a cara de cachaça até às cinco da manhã e às oito horas exigia a presença de todos no set de filmagem. Os brasileiros levavam rotina de Cassino da Urca e nunca acordavam antes do meio-dia, o que levava Welles à beira de um ataque de nervos.

Mas foi a simpatia do cineasta americano pelo jangadeiro Jacaré o que realmente incomodou o governo brasileiro, pois Jacaré estava sendo acusado justamente de...Comunista pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda da ditadura Vargas). Quando Welles filmou os quatro jangadeiros originais numa re-encenação da viagem feita no ano anterior do Ceará-Rio de Janeiro, Jacaré acabou falecendo num trágico acidente na Baía de Guanabara. Welles ficou comovido e mais determinado que nunca, criou outro segmento contando as trágicas condições em que os jangadeiros cearenses viviam naqueles tempos.


Pra tentar mudar a maré, saiu do Rio e foi morar em Fortaleza por mais de um mês, onde rapidamente escreveu e dirigiu o roteiro enquanto convivia e filmava cenas com pescadores que nunca haviam visto um filme na vida. Com apenas dez mil dólares no bolso, retratou o cotidiano daquela gente sofrida, o trabalho das mulheres tecelãs, e encenou a morte de um jangadeiro no mar, seu funeral na aldeia e o futuro incerto de sua jovem viúva. O diretor não terminou de editar a obra, pois o filme foi confiscado pela RKO, que depois foi vendida para a Paramount. Onde em 1958 uma funcionária teria queimado a maior parte dos rolos em Technicolor na sequência de It's All True onde Grande Otelo aparece. Aparentemente a ordem tinha origem no medo dos estúdios serem processados por direitos autorais em filmes não-lançados. Será verdade que não sobraram tomadas das cenas com Grande Otelo?

A sequência supostamente destruída de É Tudo Verdade contava a origem do carnaval carioca e foi filmada em vários locais da cidade. A Praça Onze, que havia sido demolida no ano anterior para dar lugar à Avenida Presidente Vargas foi reconstruída em estúdio, fato que obviamente levantou a ira do ditador. Outros segmentos filmados na então capital federal tiveram palco no Cassino da Urca, local bastante frequentado por Welles, onde até teve calorosos romances, como a cantora Linda Batista.

Já escutei pessoas dizendo que a tomada mais bonita desta sequência mostra um ritual de aquecimento de tamborins de couro de gato recém-esticado numa enorme fogueira. No documentário É Tudo Verdade de 1993, o filho de Herivelto Martins, Peri Ribeiro, que contracenou com Grande Otelo no filme, diz que Welles fez o que nenhum outro homem havia feito pelo Brasil: mostrar o país como realmente era - o que acabou sendo o motivo do fracasso do projeto.

Otelo e Peri.

A carreira de Welles ficou manchada pelo fato de terem lhe dado um milhão de dólares para gravar um filme que só não terminou por birra dos próprios estúdios. E será verdade que também por censura do governo brasileiro?

Welles comentou em entrevista ao crítico de cinema, André Bazin: “ (...) fizeram outra versão, modificando todas as idéias e refazendo tudo ao modo deles. Eu tinha rodado durante seis meses, mas o estúdio RKO me despediu”.

Com o passar dos anos, ele não teve mais propostas de controlar um projeto em seu próprio país e em 1946 já estava morando na Europa. Recentemente, em 2009, uma ex-secretária do governo brasileiro me contou que na década de 1950, viajou num avião fretado por Assis Chateaubriand para ir numa festa em um castelo nos arredores de Paris. De repente ela pisou num bêbado que estava obstruindo o caminho deitado no chão. Veio a saber mais tarde que o bebum era Orson Welles.

Os brasileiros sempre tiveram ótimas impressões do cineasta que veio aqui e enturmou-se com a cultura local, tomava todas com os artistas e exaltava o sentimento ufanista em voga pelo Estado Novo narrando o aniversário do presidente em programa de rádio ao vivo para os EUA. Welles chegou inclusive a marcar território em Itabirito, Minas Gerais, onde parou o carro para urinar à beira do rio Itabira, próximo onde hoje existe um busto seu, feito pelo artista local Genin Guerra.

Momentos itabiritanos: água no joelho e busto.

Apesar de ter feito seu meio de campo tão bem no país do futebol, anos depois Welles confessou a seu amigo Paul Mazursky que quando foi enviado para cá, o último país do mundo que gostaria de ter ido seria o Brasil.

Já o filme É Tudo Verdade ficou perdido por mais de 60 anos, até que um estudante de cinema da UCLA (Universidade da Califórnia) encontrou os rolos ainda sem editar num arquivo da RKO. Mesmo assim, It’s All True não foi lançado até hoje, verdade?

Em 1993, Bill Krohn, Myron Meysel e Richard Wilson vieram ao Brasil saber como andavam os jangadeiros e Grande Otelo. O resultado é o documentário homônimo It's All True onde montaram o segmento Quatro Homens Numa Jangada com trilha sonora nova.

Aqui um trecho do filme - sem legenda - onde o diretor expõe sua vontade em terminar o filme:



Como o filme não é encontrado em DVD e muito menos para baixar com legenda em português, dois nerds piratas resolveram traduzir a legenda do espanhol para compartilhamento livre.

Link da legenda. Em breve o torrent - por enquanto o filme está apenas no dreamule num arquivo de 705 Megabytes com o nome Orson.Welles.-.It'S.All.True.-.Lost.Film.Footage.(En.Divx.Mp3).Prov.By.Tastemaker.Rip.By.Richter )

Há diversos trabalhos acadêmicos e obras cinematográficas sobre It's All True - o filme que não aconteceu - incluindo um curta ficcional americano e três do cineasta brasileiro Rogério Sganzerla - Nem Tudo É Verdade (1986), Tudo É Brasil (1997) e O Signo do Caos(2005). Uma obra escrita sobre o tema é It's All True: Orson Welles' Pan-American Odyssey, de Catherine Benamou, professora no departamento de estudos étnicos da Universidade de Michigan. Em 2006, a professora disse que nos arquivos da UCLA, na Califórnia, repousa vasto material ainda não devidamente preservado e editado dos três primeiros episódios.

O catálogo da Cinemateca Brasileira acusa uma cópia do filme. Será verdade? Resta aos nerds ir investigar. Por mais que pareça mentira, a verdade é que ninguém ainda viu o It's All True de 1942...

Breve aqui, a coletânea Orson Welles e o Samba-Verdade...


Texto elaborado por João Perdigão e minha amiga dalém-mar, que escreve no blog arthropophagyas (lá você encontrará a versão em inglês desse texto).





sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Você é Tilelê?

Hoje fui ao Google e pesquisei sobre "movimento tilelê", só encontrei duas referências. Já tinha pensado em escrever sobre o tema, mas tive medo. Hoje fui num show do gênero, categorizei alguns aspectos e tomei coragem. Espero não ser mal compreendido em minha análise social.

É um pessoal que gosta de ouvir som de batuque. Não é deboche, é constatação. Definitivamente não é o que eu escuto, mas claro que já fui em diversas festas do gênero. E escuto coisas que têm estas influências sim. Contrariando o que pensei que fosse ver, gostei de ir lá, gente bonita e sorridente.

O uso do termo tilelênico se dá em Minas Gerais, onde a cantora Titane compôs uma música com um refrão onomatopeico de Tilelê pra lá e Tilelê pra cá. Daí Maurício Tizumba e uma geração de músicos montanheses adotou o estilo - de Marina Machado a Tambolelê, Sérgio e Saci Pererê.

Os Tilelê não gostam ser chamados assim, pois a sonoridade de seus tambores não carrega apenas influências de Clube da Esquina, mas também dos batuques maracatônicos pós-Chico Science...

Listinha de costumes-base do Movimento Tilelê - em constante transformação:

01) Entender sobre tambores dos mais variados timbres e sempre citar Naná Vasconcelos como o maior percussionista do mundo;

02) Exaltação da cultura afro, assim como a exaltação nacional do seu estado;

03) Dread ou lenço na cabeça (homem ou mulher) - ou dread + lenço tudo junto;

03) Roupa branca ou colorida - saia ou calça de chita;

04) Somaterapia (Capoeira e a Anarquia como religião)

05) Esquerda Festiva - galera sempre presente nos Foruns Sociais Mundiais ou congressos universitários em geral;

06) Santo Daime;

07) Você não odeia Axé Music;


09) As pessoas costumam dançar alegremente como se lhes tivesse baixando a própria Pombajira naquele momento...

10) Hippie-chic-maracatu e até mesmo pessoal do trance e do forró...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Vai Costurar Seu Parangolé!


Hélio querido, nessa véspera de Finados está triste porque queimaram os seus parangolés? Aposto que nem tanto. Ontem assisti o documentário Hélio Oiticica, ou H.O. (1979), de Ivan Cardoso. Depois da cena em que um sujeito vestindo sunga e parangolé se movimenta ao som de Simpathy for the Devil, dos Stones, Décio Pignatári narra: "O parangolé não era assim como uma coisa para ser posta no corpo e para ser exibida. A experiência da pessoa que veste, da pessoa que está fora vendo a outra vestir ou das que vestem simultaneamente a coisa são experiências simultâneas, são multiexperiências. Não se trata assim do corpo como suporte da obra, pelo contrário, é total incorporação. É a incorporação do corpo na obra e da obra no corpo".

É grave ver pelo menos mil obras do maior artista brasileiro do século 20 (foi divulgado que 70% serão recuperadas) irem para o saco, mas soa mercadológico tratar especialmente o trabalho de Hélio como se fosse a obra de um pintor ou escultor. "Trataram o Hélio com se fosse um artista renascentista, quando ele foi um criador de conceitos, de propostas, de intervenções, um artista do futuro, não de um passado neoconcreto, que ficou lá atrás [...]", disse Neville de Almeida, parceiro de Hélio em obras como "Cosmococa", ao jornal O Estado de São Paulo. "A destruição física das obras não significa, no caso de Oiticica, o fim desse trabalho, até mesmo porque ele via a atividade artística como uma atividade poética", completa o crítico francês Guy Brett . "Acho sintomático que a primeira informação logo após o incêndio tenha sido o valor dos prejuízos, em torno de US$ 200 milhões, como se o Oiticica fosse uma fábrica", finaliza o galerista Paulo Kuscinsky ao mesmo jornal.

Não fecho os olhos para esse churrasco. É uma grande perda. Claro. Mas, queimou, valorizou. Como bem sabe o mercado da arte. Portanto, vou é construir meu próprio parangolé e incorporar a obra, como propõe Hélio. Abaixo, o imperdível vídeo de Ivan Cardoso com participação de Caetano Veloso e Lygia Clark (repare nos figurinos e na calça de Jaspion de Oiticica no final da parte 2). Abaixo, também, o modelo de dois parangolés para quem quiser costurar um parangolé sob medida e eternizar a proposta de Oiticica.

H.O., de Ivan Cardoso (1979)


Belo texto de Luara Calvi Anic, do aparedelaranja, ex-livreira que indica: Hélio Oiticica - Qual é o Parangolé e Outros Escritos, de Waly Salomão (editora Rocco)


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Rolos de Gonzologia Rapeiros


Um dos tipos profissionais mais maçantes de pessoas costumam ser os jornalistas (alô médicos, advogados etc). Feio ficar falando mal de profissão, ainda mais quando me refiro à minha própria - ou daquelas que um dia precisarei (precisei). Que lero-lero esse, pois eu só queria puxar o assunto pra falar de um jornalista, o finado Hunther S. Thompson (ou, como ele se atodenominava, Gonzo).

O sujeito era mestre em soltar opiniões atravessadas em grandes veículos da mídia americana e chegou até a abalar canditaturas de presidenciáveis e sua birra com Richard Nixon ajudou a abalar o prestígio do mandante de Watergate. Tudo isso era foguetado durante seu amor por substâncias químicas das mais diversas ("O éter é o maior perigo do homem"). Enquanto ainda tava vivo, Mr. Gonzo foi interpretado por dois grandes astros do cinema, Bill Murray (Uma Espécie Em Extinção) e Johnny Depp (Medo E Delírio).

E ele nem ficou famoso por causa disso. Sua abordagem politicamente incorreta em opiniões vinda da convivência com Hell's Angels, mexicanos ensandecidos ou brasileiros que o ligavam no meio da madrugada (o sujeito morou no Rio de Janeiro em 1962) ajudaram a forjar seu caráter. Thompson sabia fazer o meio de campo com artigos contundentes descendo a lenha em todo tipo de burrocracia, fosse ela vinda da direita ou da esquerda.

No fim da vida, antes de se auto suicidar-se a si mesmo com sua garrucha, estava numa fase decadente, escrevendo artigos esportivos pra ESPN. E isso ainda não é o fim, pois o rapper gonzo GNZ descolou uns amigos pelo mundo e gravou um disco temático sobre Hunther Thompson.

Chama Gonzo Tape e tem pra baixar aqui. A bolacha foi produzida pelo DJ Hellbound (Bélgica), som muito plural que conta com participações do mexicano Jotaka e dos americanos Rob D. & Mr. Pen.

Confira o videoclip de White Rabbit:



segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Faith No More - Sotaque Paraguaio e Ismar

Na onda da re-animação de bandas outrora terminadas, passaram grandes nomes do rock pelas maiores cidades do Brasil neste último fim de semana.

Em São Paulo ocorreram shows de Iggy Pop & The Stooges e Sonic Youth ao mesmo tempo que acontecia o Deftones e Jane's Addiction. No Curral del Rey, nenhuma destas veio, mas apareceu outro conjunto que lá estava e tem mais apelo com o público por aqui, mesmo sem lançar nada novo há mais de dez anos - o Faith No More. E parece que não é só pelos lados de cá, afinal fãs de algum país latino estenderam uma faixa em frente ao palco - gente que vai a todos os shows da turnê.

O Chega de Fé quis criar buxixo até mesmo em Belo Horizonte (pra vender ingresso pra 3.000 pessoas?) ao divulgar uma lista com suas exigências para tocar na cidade nessa turnê "The Second Coming":
- 12 Kinder Ovos;
- Meias pretas e brancas;
- Uma garrafa de mel orgânico;
- Frutas regionais e comidas locais;
- 2 pacotes de Baby Wipes (lenços umedecidos);
- Uma lista com todos os bordéis nas redondezas;
- Jornais internacionais (New York Times e The Sun, entre outros);
- Revistas pornôs - heterossexuais e gays

Mike Patton e sua trupe vieram a BH depois de 17 anos sem tocar nessa roça (14 no Brasil) e apresentaram um set pra agradar quem fosse ao show, fosse fã ou não - de Ricochet a Epic, não faltou um hit. Covers foram a introdução instrumental de Midnight Cowboy (vide vídeo logo abaixo), a 'nãopodia faltar pros fãs FM' Easy e um enxerto de Ela É Carioca na bossa nova deles, Caralho Voador - que o público vaiou. E com pura liberdade de zoar o que não gostou, pois ninguém saiu reclamando.


Pelo fato de se dirigir à platéia num português razoável e proferir animados palavrões em nossa língua; "Porra, caralho!", o vocalista-empresário e proprietário das 1000 vozes tinha o público na mão. Mesmo assim acabou bancando o paraguaio e arranhou portunhol na letra de Evidence (a música já havia sido gravada pela banda completamente em português, numa rádio brasileira em 1995). Aqui a versão do dia que pisaram na bandeira do Galo (verdade? nem vi isso):


No meio da tensa Midlife Crisis a banda pára tudo e num bate papo-informal, a platéia é provocada com um; "Vocês querem Madonna? Like a Virgin?" E volta pra pauleira pra terminar o rapcore das antigas.

Sem falar que ao sair do show, pra completar a sessão revival 90s, caminhando em direção ao cachorro quente mais próximo, sai um bando de gente no encalço do passo da lenda Ismar - eu tinha ouvido falar que ela nem viva tava mais. Até que um louco a chama de Tomate, provocando a amiga do Sepultura a correr e gritar pela Avenida do Contorno ver se vai ser convidada pro próximo show...

Set list do Faith no More em Belo Horizonte em 8 de novembro de 2009 - mais ou menos isso:

01) Midnight Cowboy (John Barry cover - instrumental)
02) The Real Thing
03) Land of Sunshine
04) Caffeine
05) Evidence (portunhol)
06) Surprise! You're Dead
07) Last Cup Of Sorrow
08) Ricochet
09) Easy (Commodores cover)
10) Epic
11) Midlife Crisis
12) Caralho Voador / Ela É Carioca
13) The Gentle Art of Making Enemies
14) King for a Day
15) Ashes to Ashes
16) Just a Man

bis:

17) Charriots of Fire/ Stripsearch
18) Mark Bowen

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Fadarobocoptubarão - Força Doberman (EP)


Final de 2008 fui num show dessa banda e lembro que me incomodou. Nem tanto quanto outro grupo onde eu literalmente passei mal, que foi o show do Grupo Porco de Grindcore Interpretativo (por um acaso ambas têm o mesmo guitarrista, o Porquinho, que também foi fundador do finado U.D.R.). Mesmo assim, fiquei sem entender e com uma pulga atrás da orelha - ali tinha algum imã audível e estranhamente impregnante aos bons ouvidos de quem curte um Battles, um Refused ou um Corrosion of Conformity.

Daí, faz pouco tempo, apareceu a primeira bolachinha do Fadarobocoptubarão, um EP denominado Força Dobermman. Vem aos ouvidos como uma despretensiosa conversa bateria-baixo-guitarra, sem lero-lero e sem sussurro humano algum. Faixas curtas com andamentos imprevistos, microfonia no grau e detonação rasgada - sente o compasso pedreiro de Samba do Rinoceronte e vê se dá uma liga.

Nos títulos das canções, nomes tão esdrúxulos quanto a alcunha da banda - e pra quê flores nas palavras se aqui elas não existem? E como diz lá no release, "só as bandas medíocres são melhores gravadas".

Treck-lista e download Fadarobocoptubarão - Força Doberman:

1) Metalêra Dragão Aguia
2) Receita de Pudim de Leite Condensado
3) Viradinha
4) Samba do Rinoceronte
5) Destrói Sua Face
6) Tsunami de Porra


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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tupy Or Not To Be - Beyond Ipanema


Esses dias assisti o trailer de um filme chamado Beyond Ipanema, sobre música brasileira. Começa com uma frase emblemática do eterno ex-Talking Heads, David Byrne:

"Este é um país em que o principal item de cultura de exportação, por várias décadas é a cultura. Não se pode dizer isso de muitos países."

E há outros estrangeiros de peso compartilhando opiniões elogiosas sobre a tal MPB. De Thievery Corporation a Devendra Banhart, não podia deixar de ter uns medalhões brasileiros. Gil, Cansei de Ser Sexy, tudo lá. Parece ser um filme bacana - ao menos o tema promete. Olha só:



Agora, falar um pouco do liquidificador sonoro que tem pra Tupy. Desde ska paulêra com vocalista de terceira idade, rap de perifa com batida oriental, forró em francês e japonês, bossa nova em inglês e até canção ufanista feita na Espanha.


Bem, como já escrevi a série de textos Les Tupiniquins From Gringolândia, 1, 2 e 3 sobre o tema, deixar aqui a coletânea quase homônima Tupy Or Not To Be - Beyond Ipanema:

01) Think Of One - Caranguejo
02) Jean Constantin - Pas Tant de d'Chichi Ponpon
03) Asian Dub Foundation - 19 Rebellions (com Edy Rock)
04) Nation Beat - Gabriel The Butcher
05) Scott Hard - Toada de Cavalo Marinho
06) Fabulous Trobadors - Cançon de la Prima
07) Peeping Tom - Caipirinha (com Bebel Gilberto)
08) Manu Chao - Minha Galera
09) Forró in the Dark - Paraíba (com Miho Hatori)
10) Faith No More - Caralho Voador
11) Moussu T E Lei Jovents - O Que Calor!
12) Beck - Tropicalia
13) Macaco - Brasil 3000 (com B-Negão e Nação Zumbi)




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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Gainsbourg Imperial (bootleg)


Os brasileiros que são fãs de Serge Gainsbourg devem ter ficado sabendo que rolou um tributo ao ícone da canção francesa aqui no Brasil no princípio deste mês. E do caldo de fãs duros, pouca gente (assim como eu) deve ter ido pra Sampa ver o show. Então, vem que me aparece o disco todo na íntegra para nosso deleite. E por que não, até de quem foi ao show? Alguém lá da mesa de som gravou tudo bonitinho pra gente.

Pra quem não sabe como isso veio a acontecer, quem fez o corre do processo foi a Orquestra Imperial e o pessoal do +2 (a panela muderna e atuante da mpb jovem) . Logo o show denominou-se Gainsbourg Imperial, contou com a regência de Jean-Claude Vannier, maestro do clássico álbum Melody Nelson. Além, claro, das participações da viúva (não a última, porém a mais presente ex-mulher do mito) Jane Birkin e Caetano Veloso.

Eu havia conseguido baixar o disco no formato ".FLAC" vide link do Alexandre Matias, mas como tô com pouco espaço nos HDs e não tenho paciência com arquivo grande demais, converti pra ".MP3" e vim compartilhar com os leitores de canhotagem o mais novo exemplar de bom bootleg feito no Brasil.

Ah, e quem quer ver imagens bacanas em homenagem à Gainsbourg, há um blog só disso e se chama Draw Serge! - vale a pena conferir (essa imagem mesmo é parcialmente desapropriada de lá e do poster desse show aqui no Brasil)

Portanto, ninguém nem precisa fazer goma de direitos autorais, porque esse disco não existe. Ao menos por enquanto. Clica no título e depois aperta download:

Gainsbourg Imperial - 04 set 2009 - Teatro Paulo Autran - São Paulo

01. Les Chemins de Katmandu (03'51)
02. Comic Strip (03'15)
03. Contact (03'17)
04. L'amour en Privé (02'59)
05. Commment te Dire Adieu (02'36)
06. Ah Melody (03'05) *
07. Ballade de Melody Nelson (02'21) *
08. Insoluble (04'23)
09. Slogan (02'58) *
10. Bonnie and Clyde (05'31)
11. Harley Davidson (02'54)
12. Cannabis (02'47) *
13. Fuir de Bonheur (03'24)
14. Je Suis Venu te Dire que Je m'en Vais (05'50)
15. Baudelaire (05'40)
16. Theme 504 (03'01) *
17. New York USA (04'11)
18. Couleur Café (03'12)
19. Les Sambassadeurs (03'16)
20. Requiem Pour un Con (04'24)
21. La Javanaise (01'48)

Todas as músicas compostas por Gainsbourg, exceto * compostas por Vannier.

E pra quem não assistiu à entrevista da Jane Birkin no Jô Soares - nem é grandes coisas, mas consta. Tá aí o papo do Gordo com a atriza britânica.




sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Retrigger - Ornitorrinco Voador

Acaba de sair do forno, direto da gravadora alemã Cock Rock Records (no site da gravadora tem um monte de disco e vídeo legal pra baixar), o projeto do solitário one man breakcore band Retrigger. Essa capa lisérgico-malvada é um trampo do André Azucrina.

Na ativa desde 2001, Raul Retrigger (também membro do projeto Arrebite) agora aparece com seu mais ousado álbum, Ornitorrinco Voador - aqui em 80 MB (download menor do que no site lá), onde se escuta todo tipo de referência num poderoso liquidificador freneticamente cadenciado. Imagina aí percussão, orquestra, dub, pauleira, cafonices, musiquinha de videogame e até cover do The Clash...Tem isso tudo aí:

01. Abelhas Altarianas Contra Ornitorrinco Voador – 2:47
02. Comancho – 3:14
03. Flying Platypus – 2:55
04. EZ Money – 3:23
05. Victim #22 – 3:00
06. A Morte do Ornitorrinco Voador – 2:21
07. Brand New Cadillac (vocals by Gabi Lima) – 2:20
08. That is the Way the Cookie Crumbles – 3:08
09. Frankie on the drums – 3:17
10. Boss Skinhead (vocals by Reggaenerator) – 3:16
11. Yeah! (8GB’s Brega Mix) – 5:35

No pacote, saiu junto o videoclip do hit EZ Money, filmado outro dia mesmo aqui no Curral del Sapo - só apertar play, ó:

Retrigger - EZ Money [videoclip] from Marcelo Reis on Vimeo.


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quarta-feira, 8 de julho de 2009

E O Melhor de Los Straitjackets


Conheci o Los Straitjackets numa madrugada de soulseek há muitos anos atrás. Se não me engano, foi numa conversa com um dos fundadores do Reverb Brasil, o hoje doutor Mocotó. Desde então, procurei conhecer melhor a pegada da banda. E ao invés de fazer uma coletânea de surf music, preferi colocar a banda que me trouxe ao gênero.

E o que me chama atenção neste conjunto é o flerte deles com outros estilos musicais bem condizentes com o rock retrô por eles praticado. Há um leque de influências que aparentemente não combina com o som praticado pela massa sonora de Los Straitjackets - aqui na coletânea tem de música mexicana a glam rock, de twist a country, sons de big bands, temas de trilhas sonoras e até mesmo canções natalinas. Agora preste atenção se Christmas In Las Vegas não tem uma pegada bem Tico-Tico no Fubá?

E a cada canção o Los Straitjackets ultrapassa o simples rótulo surf music. Estes sujeitos norte-americanos que quando vão tocar ao vivo, dependuram cordões astecas no peito, usam roupas negras, máscaras inspiradas em luta livre mexicana (estas utilizadas na imagem acima são como as verdadeiras que os inspiraram) atiram pra todo lado e sempre descolam ótimas parcerias. Já tocaram com diversos figuras, como o bluesista Eddy Clearwater, a ex-vocalista da banda punk X, Exene Cervenka, o rockabilly de Big Sandy e fizeram pareceria até com o grupo de dança das Famosas Irmãs Pontani.

Durante os shows, as músicas da banda são anunciadas num espanhol rápido e mal-falado. E quem profere as chamadas é o único integrante da banda que tive o prazer de ver ao vivo, o guitarrista Daddy O Grande, que em 2007 tocou num dos Primeiro Campeonato Mineiro de Surfe, na Sobra.

Então, vamos ao link pra baixar e o setlist bitelão;

01) G-man
02) Sing, Sing, Sing
03) Rockula
04) Tabouli
05) The Munsters Theme (cover)
06) Shake That Rat
07) Black is Black
08 ) De Dia y De Noche (The Kinks cover)
09) Tailspin

10) Perfidia
11) The Casbah
12) The Rise & Fall of Flingel Bunt
13) Theme From Magnificent Seven (cover)
14) Tijuana Boots
15) Kawanga!
16) Christmas In Las Vegas
17) Can You Dig It
18) Hypno-Twist
19) My Heart Will Go On (cover)
20) Country Squier (electric)
21) Pot Liquor
22) All That Glitters
23) Calhoun Surf
24) Catalina
25) Loco Te Patina El Coco (The Troggs cover)
26) Pacifica


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terça-feira, 9 de junho de 2009

Barango-Chic, Tosco-Kitsch


Quando você escuta som de mal gosto, sobe aquele refluxo azedo? Essa coletânea vem pra refescrar o descaramento cabaresístico-gafieirístico executado na música brasileira atual - e bem distante de funk carioca, aparelhagem do Pará, Ivete Sangalo etc. Tem pra agradar aos vários tipos de humor, desde problema no cotovelo e até de requebrada troncha.

Se barango é o contrário daquilo que é legal ainda não descobri. Ou reconstruindo, se o excesso hoje em dia é um estilo aceitável - seja na arte, no jeito de vestir, na decoração - porque não darmos uma escutadinha nos toscos?

E olha que pra elaborar essa capa horrível eu nem fiz pesquisa no uncoolhunter (os argentinos caçadores das ante-tendências), hein? Foi só uma buscadinha no hipster cafona e na busca de fotos da finada Life magazine - e pronto, uma capa camp.

Nunca fui de escutar música que toca em rádio FM, e mesmo nunca tido a mínima paciência em ouvir Jovem Guarda, Odair José ou Waldick Soriano, sei que há pessoas que eu aprecio: Cidadão Instigado, Otto e Flu - que são confessos fãs de um Roberto Carlos da vida.

Aqui tem sangue novo experimentando nas searas do over - da experiência contínua do Graveola E O Lixo Polifônico ao João Brasil no seu contagioso Swing da Cor.

Playlist e download:

01) Graveola e o Lixo Polifônico - Insensatez, A Mulher Que fez
02) Cidadão Instigado - O Pobre dos Dentes de Ouro
03) Otto - Pra Ser Só Minha Mulher
04) Fino Coletivo - Na Maior Alegria
05) Três na Massa - Frevo de Saudade
06) Erasto Vasconcelos - O Baile da Betinha
07) Academia da Berlinda - Envernizado
08) Flu - Enxão Xá
09) Roger Man E Os Santos De Guerrilha - Cadê Você?
10) João Brasil - We Are Swing da Cor (part. cassim)
11) Orquestra Contemporânea de Olinda - Brigitti
12) Mombojó - Anarquia (Ronnie Von cover)
13) U.D.R. - Todos Os Nossos Fãs São Gays



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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Zeitgeist - Isprito do Tempo


Bem, como quase houveram ofensas pessoais quando eu parei de escrever nada no último post, agora volta uma explicação. Essa é uma pequena amostragem de algumas boas músicas lançadas ultimamente que viraram hits aqui em casa. Cheio de, mas não só, participações especiais ou seriam jam sessions?

Começa pelo improvável dueto não-metal entre Serj Tankian e Mike Patton (vocalistas do System of a Down e Faith No More, respectivamente). Depois esses caras de um país gelado, que gostam de fazer uns clips bonitos, o Sigur Rós. Pra não deixar a peteca cair, o bem-sucedido do mundo mashup, DJ Dangermouse chamou o Sparklehorse pra convidar uma pá de gente pra cantar no disco deles (até David Lynch veio), mas aqui eu escolhi uma das poucas boas, com o vocalista do Strokes.

Aí, vem a banda que Jack White (White Stripes) fundou pra tocar um pouco de bateria com a estonteante vocalista do The Kills cantando, o The Dead Weather. Aí vem algo bem eletrônico de batidão forte que o Alexandre Matias, do trabalho sujo me aplicou, que é o Bodyrox.

Eu sou eternamente cansado de anos 1980, mas aí aparece o Hercules & Love Affair com essa hipnótica Blind que me viciou legal. O Black Keys, às vezes solta uma música que presta - essa é uma.

E como o tempero é variado, tem o ZéGon (ex DJ do Planet Hemp) com o irmão do Spike Jonze no ousado projeto assaladado North America/South America, o N.A.S.A., o que mais atira bala à revelia no mundo pop. Emendado por outra poperia, os Peter, Bjorn & John querendo ser Jackson Five - bunitinha.

Em 2004, uma das bandas que mais tocou aqui em casa foi o Kasabian, que tinha lançado o debut deles, depois odiei o segundo, mas agora o terceiro tem umas musiquinhas boas e Fire é uma das melhores. Pra terminar, PJ Harvey chamou o tal de John Parish pra esguelar estilo Frank Black (Pixies) nessa intensa composição.

01) Serj Tankian - Bird's Eyes (feat. mike patton)
02) Sigur Rós - Inní Mér Syngur Vitleysingur
03) Danger Mouse & Sparklehorse - Little Girl (Julian Casablancas)
04) The Dead Weather - Are Friends Electric (Gary Numan cover)
05) Bodyrox - Yeah Yeah (feat. Luciana )
06) Hercules & Love Affair - Blind
07) Yeah Yeah Yeahs - Soft Shock
08) Black Keys - Strange Times
09) N.A.S.A. - Whatchadoin (Spank Rock, M.I.A. & Santogold)
10) Peter, Bjorn & John - Nothing to Worry About
11) Kasabian - Fire
12) PJ Harvey - Pig Will Not (feat. John Parish)

Link pra fazer o download do álbum.


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domingo, 17 de maio de 2009

Na Mente, Sala de Estar...Longe



É o fim dos textos? Pela seleção, título e pela imagem dá pra entender do que se trata né?

Aqui o link pra baixar o pseudo-album em mp3

Playlist:

01) John Lydon - Psychopath (Leftfield mix)
02) Avia - Why Should I Cry?
03) Bonobo - Ketto
04) Primal Scream - Loaded (edited version)
05) Bomb the Bass - Bug Powder Dust
06) Thievery Corporation - Lebanese Blonde
07) ESS - Easy Way
08) NG Monasterio - Poison Heart (Ramones cover)
09) Moby - Natural Blues (Mike D mix)
10) Placebo - Every Me Every You (Sneaker Pimps mix)
11) Zebra - Every Kind of Creep (Robertradio mix)
12) Manu Chao - King of the Bongo (Portishead breaks mix)
13) Massive Attack - Teardrop


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sexta-feira, 8 de maio de 2009

domingo, 26 de abril de 2009

Epicus Diffusivum Sui

Obedecendo criteriosamente a desordem canhoteira de colocar sempre uma coisa totalmente desconexa, após o último post, trouxe aos downloaders/ouvintes/leitores de canhotagem uma coletânea que de forma alguma se pretende definitiva.

Montada sobre o eixo de quatro canções; Jane's Addiction (of Course), TV On The Radio (Dirty Whirlwind), The Clash (Straight To Hell) e Tomahawk (Antelope Ceremony), daí vieram as outras, escolhidas no repertório presente do meu PC. A idéia é trazer uma atmosfera épica, e sem recorrer ao longo rock progressivo. Ou seja, atmosfera épica mais rasteira, se é que isso existe.

Podia ter vindo logo de cara com Epic do Faith No More, aí já era banalizar demais. Daí, cacei outros hits ambientes, destoando lonjão das Short Songs que tinha colocado em fevereiro. Podia ter colocado um tanto de som díspare, mas preferi me limitar nessas poucas. E deixar aqui uma certa coesão entre elas.

A parte inédita da imagem acima, foi feita a partir do livro Codexs Seraphinianus, do italiano Luigi Serafini, com mais alguma coisa medieval e um quadrinho da insana pintora polonesa Aleksandra Waliszewska.

Vamos então ao setlist pra download:

01) Jane's Addiction - Of Course
02) Radiohead - 2 and 2=5
03) Klaxons - Isle of Her
04) TV On The Radio - Dirty Whirlwind
05) Nick Cave & The Bad Seeds - Papa Won't Leave You, Henry
06) Tomahawk - Antelope Ceremony
07) New Model Army - Better Than Them
08) The Clash - Straight to Hell (edited version)
09) At The Drive In - Invalid Litter Dept
10) Muse - Knights of Cydonia
11) Interpol - Say Hello to Angels



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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Hoje É Ontem

Bem, se eu fosse uma pessoa estilo wannabe, essa coletânea poderia denominar-se algo do tipo Bring Tha Past For Now. De repente, ficaria mais em conta de acordo com as bandas presentes, já que todas cantam em gringlês. Só que como o espírito aqui é o da liberdade tosco way of life, optei pelo título em português mesmo.

A capa tem fragmentos de trabalhos com algumas pessoas conhecidas - de Izolag (BA-RJ), João Teodoro (BH), Mr. Flip (USA), Popsessed (BEL) e até do Banksy (UK), além de outros que não sei o nome. Ganha uma dose de cachaça quem adivinhar qual das bandas/cantores das antigas não está presente na imagem aqui em cima.

Ultimamente o número de downloads aumentou substancialmente e tenho um monte de coletâneas no forno pra colocar. Depois do trabalhinho pra elaborar essa montagem aí, ando ficando sem muita paciência pra fazer capa pras coletâneas. Convido agora os leitores e downloaders anônimos de canhotagem pra fazer capa e até texto aqui. Ou se quiserem elaborar uma coletânea comigo ou editar as que existem e não foram publicadas...Tá feito o convite, é só entrar em contato, todo mundo convidado.

Agora vamos ao que interessa - a parte musical. Animei de fazer Hoje É Ontem pelo fato de existirem muitas versões atuais de músicas antigas que, mesmo as desconstruindo, bombam. Nem sou muito fã de Beatles, e no final do ano passado, ouvi esse remix de Sgt Peppers que gostei muito (e acabou abrindo a bolacha). Lembrei que haviam outros muito legais da banda, só que não dava pra encher uma coletânea deles com som bom de verdade.

Então fui colocando outros sons que achei pertinentes. Até o mais FM de todos, quando JXL remixou Elvis e teve seus quinze minutos de sucesso. Na sequência inteira, tem um monte de releitura feita por gente desconhecida (fora o Paul Oakenfold e o Soulwax). Garanto que é tudo muito bom.

A seguir, o setlist e pra fazer o download:

01) The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Streetlab mix)
02)
DJ Zebra - Break Through Love (Led Zeppelin vs. The Doors)
03)
Johnny Cash - Folsom Prison Blues (Pete Rock mix)
04)
The Doors - L.A. Woman (Paul Oakenfold mix)
05)
The Rolling Stones - Paint it Black (Painted Beats mix)
06)
T-Rex - Bang It On (DJ Moule Dig It On mix)
07)
The Beatles - Reggae Rigby (Klangwerk mix)
08)
James Brown - Papa's Got a Brand New Bag (DJ Eli re-dit)
09)
DJ Moule - Paperback Believer (The Beatles vs. The Monkees)
10)
Elvis Presley - A Little Less Conversation (Junkie XL mix)
11)
Serge Gainsbourg - Nouveau Western (El Barto & Liam B. mix)
12)
Soulwax - Eleanor Rigby (The Beatles vs. Kraftwerk mix)
13)
Nina Simone - Sinnerman (Felix Da Housecat's Heavenly House mix)








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segunda-feira, 30 de março de 2009

La Lengua Peligrosa

É muito comum escutar as pessoas dizendo aqui no Brasil de que aqui a maior parte da população tá com as costas viradas para o resto da América Latina (e de absover cultura latina em geral). Concordo relativamente, pois tem muita coisa que já tá diluída no que as pessoas escutam por aqui. E dá-lhe Shakira, RBD, Orishas, cumbia, calipso (o ritmo) e uma pá de coisa que toca no rádio por aí.

Daí, desde que comecei a postar coletâneas, queria ter postado essa, só com sons latinos. Sem lero-lero demais sobre o ecletismo apresentado, com coisas de vários países e ritmos.

Uma das bandas que eu mais simpatizo aqui, o Control Machete, vem com Danzón, homenagem ao ritmo cubano homônimo. A seminal banda francesa Mano Negra dá as caras também homenageando, mas aqui é o Maradona, craque do futebol argentino (tem até um documentário recém-lançado sobre ele, dirigido por Emir Kusturica).

O Molotov aparece com a bem-humorada sátira aos catadores de feijão fronteiriços do México, Frijolero, e um dos vocalistas da banda também canta com o Instituo Mexicano Del Sonido em El Microfono.

Outros franceses que também dão a vez - o Massilia Sound System, com seu ska bem sacado e os Fabulous Trobadors em Je Ne Brandis Pas Ma Guitare - olha se não tem clima de fechar um bom filme?

Aqui pra fazer o download:

01) Instituto Mexicano Del Sonido - El Microfono
02) Massilia Sound System - Osca Sankara
03) Mano Negra - Santa Maradona
04) Control Machete - Danzón
05) Resorte - Puro Rock
06) Tego Calderón - Cambumbo
07) Molotov - Frijolero (sin censura)
08) Plastilina Mosh - Enzo
09) Mama Vaca - Como Vaca
10) Illya Kuryaki & The Valderramas - Abarajame
12) Fabulous Trobadors - Je Ne Brandis Pas Ma Guitare

O título La Lengua Peligrosa era um set popstencil e a arte é do Turtle também.


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quinta-feira, 12 de março de 2009

Os Bastardos Populares 3

Agora que os mash ups viraram fato corriqueiro na mídia, não posso abandonar o fenômeno musical simplesmente porque o estilo agora ficou tão batido. E mesmo com a popularização desse termo mexidinho, continuo falando bastard pop, ou brasileirado - bastardo popular.

Que pra quem até hoje não sabe é um fruto musical híbrido. Como assim? Imagine alguém que estava num computador caseiro (como eu ou você) e teve a genial sacada de ajuntar uma musiquinha que gosta com algum outro hit nada a ver ou nem tanto. A pessoa pega o acapella (uma arquivo de mp3 só com a cantoria) de uma música, o instrumental de outra e pronto, mais um frankenstein musical na área. Claro que tem muito disso com vídeo casado, mas mesmo assim, de cem, salva-se um e olhe lá.

Me lembro o tanto que era difícil achar qualquer novidade do gênero há uns quatro anos atrás. Vira e mexe tá Lúcio Ribeiro (ex- Folha de SP) toda mão falando de algum novo pseudo-hit do anti-gênero. Fora o Alexandre Matias (prêmio de melhor blog brasileiro em 2008), que é fã de carteirinha e comanda a festa Gente Bonita, onde sempre coloca umas bastardas pra tocar.

Olha, de vez em quando tem umas sacadas e uns talentos muito bons que surgem. Como o californiano Mike Relm, que por minha sorte esteve em Belo Horizonte no dia que um pseudo-Gorillaz tocou num evento caça-níqueis pra gente não muito bem da cuca no Curral del Sapo. Só não processei a direção do evento pra pedir meu dinheiro de volta por causa do DJ Mike Relm, que faz umas misturebas sonoras e umas sacadas geniais no vídeo.

Tem outro que não é muito a minha onda, o virtuose Girl Talk, que até aparece no documentário Good Copy, Bad Copy roubando uns sons de calypso na internet. E por falar em kitsch, ele tem seu irmãozinho brasileiro, o pseudo-indie-brega que tá tentando ressuscitar a lambada (sic), o tal de João Brasil. O sujeito já foi até no Faustão tirar sua ondinha, ainda assim faltam mais tupiniquins com obras consistentes no gênero pra gente poder falar. Se alguém souber de algum e quiser aplicar, fique à vontade.

Então, ainda tem os franceses Totom e DJ Zebra, que tão sempre lançando coisa nova com uma qualidade acima da média, além do DJ Moule e do comandante das pick ups do Cypress Hill que também lançou algumas coisas no gênero, o DJ Muggs. Além de gente famosa que se tornou sucesso criando um disco com dois, o DJ Dangermouse (que misturou o disco branco dos Beatles com o disco cinza do Jay-Z). Com uma onda parecida, o DJ Tor acaba de lançar um disco de misturas só com samplers do excêntrico músico Sufjan Stevens com vozes de notórios raps de Outkast, Aesop Rock etc.

Como a cena punk inglesa tinha como trilha sonora o reggae e o dub (pai do atual remix), nada mais natural que as misturas caseiras faça você mesmo desse pessoal dê alguma liga. Baixa aí chega às suas próprias conclusões. Pra quem curte ou passar a curtir, tem também os Bastardos Populares 01 (que tava com defeito, agora re-postado) e Bastardos Populares 02.

Aqui, o download das treze faixas pra marcar essa sexta-feira de sorte com Los Bastardos 03:

01)
totom - These Boots Are Getting Smaller (Nine Inch Nails vs. Lee Hazlewood)
02)
Emil 187 - Wild Hashpipe (Weezer vs. Tone Loc)
03)
DJ Tripp - Don't Stop Till Ya TKO (Michael Jackson vs. Le Tigre)
04)
Dunproofin' - Police Klaxons (The Police vs. the Klaxons)
05)
DJ Moule - Foxy Break Beat (Jimmy Hendrix vs. Propellerheads)
06)
Two Tracker - Processed Messages (Kasabian vs. Grandmaster Flash)
07)
The Bootleague - Groove Is In The black Hole Sun (Soundgarden vs. Dee Lite)
08)
The Legion Of Doom - Crazy As She Goes (The Raconteurs vs. Gnarls Barkley)
09)
DJ Muggs - Transplants vs. Kanye West
10)
DJ Morgoth - Ace Of Spades Feels Good (Gorillaz vs. Motörhead)
11)
DJ Zebra - Hey Villain Boy (Franz Ferdinand vs. Chemical Brothers)
12)
Divide & Kreate - The Kissenger (Katy Perry vs. Iggy Pop)
13)
Lobsterdust- Shut Up Now (Red Hot Chili Peppers vs. Ting Tings)

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