segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Bebi Cigarros Demais

Os grandes cânones musicais costumam ser algumas das coisas mais chatas para se escutar no cotidiano. Quer seja por repetição contida em nossos genes, dos amigos, ou de gente que não suportamos, sempre há um motivo para que venha uma canseira natural em escutar certas coisas que todo mundo escuta.

Certas pessoas, como eu, têm uma tendência a cansar daquilo que nos é colocado de forma impositiva. Claro que de certa forma, quase tudo acaba sendo. A não ser que seja uma busca pessoal de cada um por suas novidades através de dicas de bom gosto ou influências a partir de algo que a gente gosta.

Pois foi a partir do prezado cantor de calypso Mike Paton que conheci uma grande música chamada Ford Mustang, que sabia desde o princípio ser de Serge Gainsbourg, ‘aquele cantor barangão francês’, o mesmo que compôs aquela música de motel que todo mundo conhece, Je T'Aime (Moi Non Plus). Pronto, bem aos poucos comecei a pegar músicas e ler sobre o tal camarada. E não é que comecei a gostar?

O que começou a me pegar no som deste beberrão e fumante inveterado é que cada música dele que eu pegava era de um estilo musical diferente. Ou seja, tudo que os Beastie Boys ou o Beck queriam ser se estivessem na década de 1960. Até então, eu tinha pegado umas canções picadas. Aí comecei a catar os álbuns, que vieram cair tão bem aos meus ouvidos como nordestino em São Paulo.

Difícil dizer por qual estilo musical o senhor Gainsbourg trafegou com maior desenvoltura, se pelo jazz, o rock, o reggae, o rap ou até mesmo pela bossanova. Sei que fiquei impressionado com o tanto de medalhão da música que diz ser apreciador da obra dele, desde o povo do Sonic Youth, My Blood Valentine e Pulp à Michael Stipe, Placebo, Franz Ferdinand, Feist, Rakes etc. No Brasil, eu não sei de gente que se diz explicitamente influenciada por ele, mas sei que Jane Birkin, ex-esposa e eterna musa do figura, fez dueto com Caetano Veloso em uma releitura de Leãozinho. E que em 1984, na trilha sonora da mini-série global A Máfia No Brasil, sua música Sex Shop foi incluída e fez relativo sucesso.

Mas peraí, se você procurar algo sobre Serge Gainsbourg no Google, vai ver que hoje em dia ele é apenas o pai da atriz e cantora moderninha Charlotte Gainsbourg, afinal ele faleceu em 1991, depois de uma vida desregrada, cheia de mulheres e polêmicas. Uma delas eu indico pra assistir aqui, que gera um desconforto digno da mais estapafúrdia cena de Woody Allen, quando o senhor Gainsbarre (apelido que ele se dava quando bêbado) abordou a cantora Whitney Houston ao vivo em rede nacional francesa com um sonoro “I want to fuck you”, vale a pena ver;


Bem, finalmente, como terminei de ler o livro Um Punhado de Gitanes - Biografia de Serge Gainsbourg, de Sylvie Simmons, ainda vou colocar mais alguma coisa sobre a vida dele aqui na sequência.



4 comentários:

Joana Joana disse...

Temos um correspondente brasileiro(aliás, dois) a esse tipo de liberdade musical de passear entre vários estilos. São os irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle.

Claro, nada tão "pop" quanto o nosso amigo. Que, aliás, já gravou o mesmo disco da "música de motel" que você citou com a Brigitte Bardot, seu antigo affair (com quem, dizem, ele quase foi aos finalmentes durante a gravação do mesmo).

ca disse...

eu mên , num é ?
..
bom descobrir teu blogspot..nos vemos por mais , aqui e pela rua..
beiJÃo!

Unknown disse...

Eu conheci a obra de Gainsbourg no início deste ano e em julho estive em Paris e fui até a casa dele na Rue de Verneuil, 5, onde vai se transformar num museu em homenagem a ele. DEMAIS!

Gabriel Caram disse...

Yo, jão.biscuit aqui sim.
saca essa pianista aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=xQ7gMN04zkA